CORDEL
O meu sertão agradece
As chuvas que deus mandar.
As chuvas que deus mandar.
O nordeste está sofrendo
Seco sem água e sem planta
O campina já nem canta
O gado não está comendo
As plantas estão morrendo
Dá vontade de chorar
Só deus pra nos ajudar
E ouvir a nossa prece
O meu sertão agradece
As chuvas que deus mandar.
A terra fica doente
Fica a vida ameaçada
Gado morto na estrada
Chega dá pena na gente
O sertanejo carente
Vê a seca arrochar
Quem come do que plantar
Baixa a cabeça e faz prece
O meu sertão agradece
As chuvas que deus mandar.
Quem só vive do roçado
É triste a situação
Se não plantar não tem pão
Pra dar ao filho coitado
O cabra fica apertado
Vendo seu filho chorar
Sem nada ter pra lhe dar
O sertanejo padece
O meu sertão agradece
As chuvas que deus mandar.
Porém a seca obriga
O camponês apelar
Resolve então viajar
Pra se salvar ele briga
Sua família ele abriga
Bem longe do seu lugar
Mas se a chuva voltar
Diz ele à família a prece
O meu sertão agradece
As chuvas que deus mandar.
Mesmo estando na cidade
Quando escuta alguém dizer
Que já começou chover
Lhe bate logo a vontade
Já lhe aumenta a saudade
E resolve então voltar
Pensando logo em plantar
Diz deus ouviu minha prece
O meu sertão agradece
As chuvas que deus mandar.
Vem na primeira viagem
Era o que ele mais queria
A família com alegria
Ele cheio de coragem
Chega e ver outra paisagem
A asa branca a cantar
O verde, o gado a pastar
Com água tudo enriquece
O meu sertão agradece
As chuvas que deus mandar.
Ver os rios transbordando
A mata verde e frondosa
Ho! Que paisagem mimosa
O gado gordo pastando
A passarada cantando
O milho a pendoar
Já tem feijão pra apanhar
O sertanejo envaidece
O meu sertão agradece
As chuvas que deus mandar.
É esta a maior riqueza
Que se vê no meu sertão
Pois a maior ambição
Não é jóia e nem nobreza
Apenas que a natureza
Viva pra nos ajudar
Que deus possa abençoar
E da gente não se esqueça
Pra que o sertão agradeça
A chuva que deus mandar.